quinta-feira, 26 de junho de 2008

Câmara Legislativa - Gays.

Parabéns à Câmara Legislativa!

Espero que eu possa parabenizar também o nosso Governador ARRUDA, vamos esperar por sua aprovação do Projeto de Lei.

Aprovado o projeto, os beneficiários de servidores homossexuais não terão que recorrer à justiça para ter reconhecido seus direitos. Um avanço e tanto, e como eu gosto de participar escrevi à bancada do PT responsável por ter apresentado a emenda, e à Deputada Eurides Brito, minha maior surpresa, pois esta é adventista do sétimo dia, e a maioria dos deputados evangélicos foram contra, ela além de votar a favor ainda o fez de maneira ostensiva, valeu pela coragem. Postarei aqui o e-mail que enviei a eles.

E-mail enviado aos deputados petistas: Erika Kokai, Cabo Patrício, Chico Leite e Paulo Tadeu.

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Excelentíssimos Senhores Deputados e Senhora Deputada,

Venho através deste expressar meu apreço e considerações às Vossas Excelências pela apresentação da emenda que reconhece as uniões homossexuais como entidades familiares sem discriminação, no projeto de lei que cria o Instituto Previdenciário Distrital, isto nos deixa cheios de orgulho por sabermos que nossa Câmara Legislativa, através de nossos representantes eleitos estão em sintonia com o respeito à diversidade e à dignidade humana, e em sintonia com a opinião da maioria do povo brasileiro, trabalhando assim para que cada dia mais tenhamos verdadeiramente um Estado Democrático de Direito e enfim LAICO.

Em especial minha saudação à nobre Deputada Erika Kokai (tenho acompanhado seu trabalho com a comunidade LGBTT há muito tempo).

Saúdo especialmente também o meu companheiro de trabalho e nobre Deputado CABO PATRÍCIO (obrigado por nos mostrar que devemos mesmo depositar nossa confiança em você, como policial militar que sou me orgulho de ter-vos como representante).

Abraços a Todos!


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E-mail enviado à Deputada Eurides Brito:

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Excelentíssima Senhora Deputada,

Venho através deste parabenizá-la e agradecer por seu voto positivo a favor da democracia, da laicidade do estado e do respeito à dignidade humana, deixando a hipocrisia cristã de alguns de lado. Acredito que o verdadeiro cristão deve se paltar por princípios como estes, éticos e racionais, deixando de lado crenças particulares e diferenças partidárias, os Direitos Humanos estão acima disto tudo. Me refiro à emenda apresentada pela bancada do PT ao projeto de lei que cria o Instituto Previdenciário Distrital, à qual estende às unidades familiares formadas por parceiros homossexuais os mesmos benefícios oferecidos aos heterossexuais. A senhora acaba de conquistar a confiança e admiração de um cidadão brasileiro, homossexual e adventista do sétimo dia.

Respeitosamente,


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GDF, Previdência Distrital e Gays.

Deputados aprovam projeto que assegura direitos previdenciários a parceiros homossexuais no DF
Publicado em 25.06.08 : : Michel Medeiros e Lívio di Araújo/Tribuna do Brasil



Parlamentares aprovaram na tarde de ontem Projeto de Lei Complementar que cria o Instituto de Previdência Social para servidores do GDF. Mas a vitória do dia foi para os casais homossexuais de uniões estáveis.
A aprovação de uma subemenda, proposta pela bancada do PT, assegura aos parceiros de servidores a extensão dos direitos previdenciários. Com a aprovação do Projeto, o cônjuge de mesmo sexo passa a ter direito a pensão paga pelo estado, no caso de falecimento do companheiro. A decisão que gerou polêmica na Câmara Legislativa foi aprovada por unanimidade.
Contudo, na emenda que beneficiava as uniões homossexuais, a bancada evangélica da Casa foi contrária. Bispo Renato (PR), Júnior Brunelli (DEM) e Leonardo Prudente (DEM) votaram não. Para Érika Kokay (PT), "a CLDF está de parabéns". A deputada lembrou do artigo 5º da Constituição Federal que garante a igualdade de todos os brasileiros."O Estado não pode ser reprodutor das convicções das pessoas, sejam elas religiosas ou intelectuais, afinal o país é laico", afirmou.
Eurides Brito também fez questão de declarar seu apoio. "O artigo número três da Constituição veda os preconceitos de origem, raça, sexo, cor ou quaisquer outras formas de discriminação", lembrou. As parlamentares fizeram questão de mencionar que outras unidades da federação já aprovaram Leis semelhantes, tal como instituições como Banco do Brasil, Caixa e Empresa Brasil de Comunicação (Radiobrás).
Durante toda a sessão, representantes de entidades GLBT marcaram presença na galeria da Casa. Para eles, a aprovação é um passo muito importante na luta contra a homofobia. "Não queremos privilégios, queremos direitos iguais", dizia um cartaz, exposto durante a votação. A intenção dos parlamentares com a criação do Instituto, é que os recursos previdenciários dos servidores do GDF sejam administrados de forma mais transparente. O órgão faz parte de uma determinação Federal, o prazo estabelecido para a sua criação se encerrava no final de junho.
: : Ela e seus súditos - Por Lívio di Araújo
Bastou a deputada distrital Eliana Pedrosa se apoderar de seu mandato na Câmara Legislativa para que a Casa entrasse nos eixos. Ontem foi dia de votação, de sessão, de entrevistas e articulações. Até os mais desobedientes fizeram reverências à rainha (que não é da Inglaterra, ela já deixou claro). "Voto com a minha líder", disse o deputado Paulo Roriz (DEM) durante votação de um dos projetos mais polêmicos do dia. "Voto com Eliana", afirmou o tucano Miltom Barbosa.
Enquanto a bancada evangélica fazia de tudo para não estender os benefícios previdenciários do GDF aos casais homossexuais (uma emenda da bancada petista ao projeto votado e aprovado ontem), Eliana chegou e com um discurso avassalador, conseguiu colocar "a plebe" no castelo.
As articulações de bastidores eram fortes para confundir as cabeças dos deputados mais desavisados de que o projeto era inconstitucional, pois a união civil entre pessoas do mesmo sexo não era lei no Brasil. O dragão, porém, foi vencido! Também foi para a guilhotina os discursos religiosos.
Enquanto Bispo Renato, Leonardo Prudente e Brunelli (o mais exaltado), falavam "não" "em nome de Deus", Érika Kokay e Eurides Brito pediam um "sim" em nome da Constituição e dos Direitos Humanos, a rainha proferiu: "Quero dizer que o partido deixará livre para cada um dos seus filiados votarem como acharem melhor. Mas a orientação é para que votem 'sim'. Nós entendemos que existe uma lei maior que é a lei de Deus e que todos são iguais e têm o mesmo direito. Dentro do espírito cristão, todas as pessoas devem ter o mesmo tratamento e o mesmo direito independente de qualquer orientação". Resultado: 18 votos á favor!
Só para lembrar, de acordo com pesquisas e levantamentos, locais, nacionais e até internacionais, 10% da população é formada por homossexuais. Isso contando apenas os que admitem sua orientação sexual nas pesquisas. Adultos, logo, com títulos de eleitores. A movimentação de Eliana, juntamente com a proposta da bancada petista e os votos favoráveis da maioria dos parlamentares já tiveram repercussão entre a comunidade LGBT de Brasília. Para se ter uma idéia, 10% da população é capaz de eleger um deputado distrital, um federal e decidir qualquer eleição...


Foto: Queerstock

Gays, Genética e a Igreja.

Sobre o Post abaixo...

É engraçado como a Igreja Católica (e suas filhas), agem com relação a estes assuntos. Num momento há um intensa campanha para que a genética não se desenvolva, pois não podemos legislar sobre a vida e natureza humana. Porém no que diz respeito à homossexualidade aí sim, sobre isto podemos legislar, ou seja totalmente incoerente no que ela mesma prega. Mais uma vez prova que o cristianismo como ora constituído não deixa de ser um jogo de interesses, o que nos interessa é permitido, mas o que não interessa o que não queremos ver, isto não é permitido. A Igreja Católica ainda rememora os tempos em que houve uma promíscua relação entre Igreja & Estado, e tenho certeza que o maior sonho de Ratzinger é que isto volte a acontecer. Isto tudo me lembra uma conversa que o Welton Trindade teve com o "bispo" Robson Rodovalho "behind the cameras", explico: certa feita o Welton Trindade (Presidente do Grupo Estruturação à época) foi convidado por uma TV para uma conversa com o tal "bispo", depois da conversa gravada em que o "bispo" demonstrou toda sua resistência em querer enxergas as coisas como realmente são, ele disse ao Welton mais ou menos o seguinte: "...Welton, quando a sociedade aceitar a homossexualidade como algo normal, a minha igreja estará pronta também a aceitá-los assim...", ou seja não é por causa do que a Bíblia diz ou não diz, é simplesmente porque não é lucrável aceitar gays abertamente em sua igreja hoje. Vocês entenderam? O mesmo se aplica à igreja mãe (Católica Apostólica Romana).
Cada dia que passa acredito um pouco mais que a RELIGIÃO é o MAU do mundo.
Abraços,
Itamar Matos (Ita)

Pais, Filhos & Gays...

Pais, filhos e gays
JOÃO PEREIRA COUTINHO
A busca de super-homens é uma quimera longa e trágica na história humana SERÁ POSSÍVEL escolher as preferências sexuais de um filho? Não, não falo de preferências por ruivas, loiras ou morenas. A questão, levantada pela cibernética 'Slate', vai mais fundo: será possível mexer na base neurobiológica de uma criatura e 'reprogramá-la' para ela gostar do sexo oposto?Talvez. Conta a 'Slate' que longe vão os tempos em que a homossexualidade era encarada como escolha pessoal ou produto do meio. A homossexualidade é um fato natural -como a cor dos olhos, a pigmentação da pele-, e estudos recentes apóiam a tese ao mostrarem diferenças visíveis no cérebro de homos e héteros.Parece que os gays têm cérebros muito semelhantes aos das mulheres hétero. E parece que as lésbicas têm cérebros muito semelhantes aos dos homens hétero.Mas os estudos não ficam restritos a esse retrato. Os cientistas dão um passo além e sugerem que importantes influências hormonais, durante e pouco depois da gestação, determinam a constituição neurobiológica do indivíduo. E, se os hormônios desempenham papel principal, abre-se a porta prometida: 'reorientar' os hormônios, 'reorientar' a preferência sexual do bebê.A possibilidade recebe aplausos. A Igreja Católica, confrontada com tal cenário, esquece a sua própria doutrina sobre os limites da manipulação médica e apóia decididamente a busca de uma 'terapia' capaz de 'curar' a 'doença' homossexual.Mais impressionante é a opinião da maioria: questionada sobre a possibilidade de conhecer a orientação sexual do filho por meio de um teste pré-natal, a generalidade não hesitaria em recorrer ao aborto ou à 'reprogramação' caso a sexualidade da criança apontasse para o lado 'errado'. No fundo, quem não salvaria um filho do preconceito social ou da 'doença' homossexual?Fatalmente, a questão é desonesta. Aceitar as premissas do debate lançado pela 'Slate' -aceitar, no fundo, que, por meio da ciência, é possível reverter a orientação sexual de um ser humano- é aceitar, implicitamente, que a homossexualidade é uma doença. E, aceitando-o, permitir que a medicina a trate exatamente como trata qualquer doença.A realidade não legitima a fantasia. A síndrome de Down ou a espinha bífida, por exemplo, são doenças no sentido mais básico do termo: elas impedem que um ser humano tenha uma vida plena. Podemos discutir se a medicina deve e pode 'manipular' genética ou biologicamente uma vida humana para erradicar esses males. E podemos discutir se esses males legitimam a interrupção da gravidez.Mas essas discussões são distintas do problema inicial: reconhecer a Down ou a espinha bífida como fatores objetivamente incapacitantes de uma vida normal.A homossexualidade não é uma doença. Pode ser motivo de preconceito social, dificuldade relacional, neurose pessoal -mas não é impeditiva de um funcionamento pleno do indivíduo nem põe em risco a sua sobrevivência futura.Nada disso significa, porém, que não exista uma base neurobiológica capaz de explicar a orientação sexual. É possível e até provável. Exatamente como é possível e provável que certas propensões da personalidade humana -para a depressão, para a liderança, para a criatividade- estejam já inscritas na nossa natureza.Mas isso não autoriza a medicina a procurar o paradigma do Super-Homem, dotado da dosagem certa de humor, capacidade de chefia, talento para a pintura e para o sapateado. A busca de super-homens é uma quimera longa e trágica na história humana.Resta a questão final: e os pais? Confrontados com a possibilidade de 'reprogramarem' a orientação sexual de um filho ou de descartarem-no via 'aborto terapêutico', terão os pais o direito de pedir à medicina esse instrumento seletivo e subjetivo? Aceitar essa possibilidade é aceitar que, no futuro, os pais poderão determinar a vida futura dos filhos. Escolher a orientação sexual; o temperamento; a vocação intelectual; a excelência atlética ou estética.Não duvido que a maioria, confrontada com tal hipótese, reservasse para a descendência o cruzamento ideal entre Brad Pitt, Albert Einstein e Pelé.Mas um tal gesto seria uma tripla violência: contra a medicina e a sua função especificamente curativa; contra o mistério e a diversidade da vida humana; mas também contra os próprios filhos, condenados a habitar vidas que não lhes pertenceriam, mas que foram desenhadas pela vaidade, soberba e tirania de seus progenitores.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Carta de Brasília

Olá Pessoal,
Publico aqui o resultado da I Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, ocorrida em Brasília entre os dias 05 a 09 de Junho de 2008.

Carta de Brasília
Os(as) delegados(as) da Conferência Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais aprovaram, na madrugada do dia 9, a Carta de Brasília. A Carta expressa a esperança de um futuro sem preconceito e discriminação.
Carta de Brasília
Nós delegadas e delegados, participantes da Conferencia Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), reunidos em Brasília, entre os dias 5 e 8 de junho de 2008, com o intuito de avaliar e propor estratégias de promoção da cidadania e de combate à violência e a discriminação contra a população LGBT, manifestamos nossa esperança e confiança de conquistarmos um Brasil e um mundo sem nenhum tipo de preconceito e segregação;
Consideramos que o processo de mobilização social e a consolidação de políticas públicas em todas as esferas do Estado são fatores determinantes para a construção de uma sociedade plenamente democrática, justa, libertária e inclusiva;
Para tanto, assumimos o compromisso de nos empenharmos cada vez mais na luta pela erradicação da homofobia, transfobia, lesbofobia, machismo e racismo do cotidiano de nossas instituições e sociedade, e por um Estado laico de fato;
A humanidade conhece os horrores causados pelas diferentes formas e manifestações de intolerância, preconceito e discriminações praticadas contra idosos, crianças, pessoas com deficiência, bem como por motivações de gênero, raça, etnia, religião, orientação sexual e identidade de gênero;
Contra o segmento LGBT tem recaído, durante séculos, uma das maiores cargas de preconceito e discriminações. Na idade média foram queimados em fogueiras. Durante o reino da barbárie nazista foram marcados com o triangulo rosa e assassinados em campos de concentração e fornos crematórios, juntamente com Judeus, Ciganos e Testemunhas de Jeová. Também nos países ditos do “socialismo real”, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais foram vitimas de discriminações, preconceito, e condenações, o que mostra que a intolerância e a discriminação extrapolam as barreiras ideológicas e os regimes políticos;
Assim, como os preconceitos foram gerados e alimentados por determinadas condições históricas, é chegado o momento de introduzir no âmago dos valores essenciais da sociedade: a consciência, o respeito e o reconhecimento da dignidade da pessoa humana, em sua absoluta integridade, em superação a comportamentos, atitudes e ações impeditivas ao avanço de conquistas civilizatórias, as quais dedicamos nossos melhores esforços;
No mundo de hoje ainda existem países onde uma pessoa pode ser presa, condenada e morta por sua orientação sexual e identidade de gênero. A ONU reconhece a condição de refugiado político às pessoas que estejam ameaçadas em sua segurança ou integridade em virtude de sua raça, religião, nacionalidade, opinião política ou identificação a certos grupos sociais – onde se incide a orientação sexual e a identidade de gênero, quando expostas a situações de ameaça, discriminação ou violência – circunstâncias características de grave violação de direitos humanos;
Cumpre ao Poder Público (Executivo, Legislativo e Judiciário), o dever do diálogo, entre seus órgãos, e com a sociedade civil, com vistas à convalidação de direitos e à promoção da cidadania LGBT; seja pela ampliação, transversalidade e capilaridade de políticas públicas; pelo aprimoramento legislativo e pelo avanço jurisprudencial que reconheça, no ordenamento constitucional, a legitimidade de direitos e garantias legais reivindicadas pelo público LGBT em suas especificidades;
Nem menos, nem mais: direitos iguais!
É oportuno que o governo brasileiro busque apoio na comunidade internacional para a retomada, junto ao conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), das discussões para a aprovação de uma nova resolução dedicada aos Direitos Humanos e a Orientação Sexual e Identidade de Gênero, a exemplo da Resolução já aprovada na OEA, também apresentada pelo Brasil.
A prática afetivo-sexual consentida entre pessoas do mesmo sexo integra os direitos fundamentais à privacidade e à liberdade. Por isso, o avanço da cidadania LGBT requer o reconhecimento das relações homoafetivas como geradora de direitos, sem discriminação quanto àqueles observados nos vínculos heterossexuais;
Repudiamos toda e qualquer associação entre a promoção de direitos da população LGBT com a criminosa prática da pedofilia e da violência sexual presente na sociedade brasileira, que devem ser tratadas, rigorosamente na forma de lei;
Consideramos que a luta pelo direito à livre orientação sexual e identidade de gênero constitui legítima reivindicação para o avanço dos direitos humanos em nossa sociedade e para o aprimoramento do Estado Democrático de Direito;
Para tanto, solicitamos urgência na criação do Plano Nacional de Direitos Humanos e Cidadania LGBT; o cumprimento dos objetivos do Programa Brasil sem Homofobia e a aprovação dos projetos de lei que criminaliza a homofobia; que reconhece a união civil de pessoas do mesmo sexo e que autoriza a mudança do nome civil das travestis e transexuais pelo seu nome social;
Por isso, nós, participantes da Conferência Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais reivindicamos ao Poder Público (nos três níveis) que se aprofunde esforços, reflexões e ações em prol da consolidação de direitos de toda a comunidade LGBT, a fim de que as futuras gerações possam viver num mundo onde toda modalidade de preconceito e discriminação, motivadas por questões raciais, religiosas, políticas e de orientação sexual e identidade de gênero, estejam definitivamente suprimida do convívio humano.
Brasília 08 de junho de 2008

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Conferência Nacional GLBT e o LULA!
























Estão abertos os trabalhos da 1º Conferência Nacional GLBT com a solenidade de abertura que contou com discurso motivador do presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva, no centro de eventos do Brasil 21 (em Brasília).

O dia cinco de junho de 2008 será lembrado como um marco da luta da diversidade sexual no Brasil e até mesmo no mundo como uma data histórica para Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Um dos países que mais têm homicídios por discriminação é o primeiro a ter o apoio declarado do Governo ao chamar a sociedade civil para discutir políticas públicas.
Veja trechos da solenidade em vídeo: AQUI.

Ao compor a mesa e citar o nome de Lula, a platéia ficou eufórica. Ministros e representantes da militância se sentaram diante de cerca de 400 pessoas, segundo a equipe brigadista. Alguns poucos deputados federais e senadores estavam nas primeiras filas com representantes da militância de todo o país e ainda observadores convidados de 14 países. A imprensa nacional estava em peso para registrar o fato que será multiplicador de iniciativas nas demais instâncias dos poderes públicos.


Mais de 400 pessoas, segundo a brigada militar, assistiram a solenidade de abertura da I Conferência Nacional GLBT


O primeiro a se pronunciar foi Paulo Vanucchi, Secretário Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. “Estou em clima de grande emoção. Neste ano em que comemoramos os 60 anos da declaração de Diretos Humanos, cito três palavras que devem nortear esta conferência: liberdade, igualdade e fraternidade. (...) Ódio mais preconceito é igual a violência, em especial aos GLBT”. E lembrou do número recentemente apresentado pelo Grupo Gay da Bahia que diz que a cada três dias um homossexual é morto no Brasil. “Queremos declarar aqui a homofobia como falta de democracia”, e explicou que a intenção dele é fazer do país referência como local que aceita a diversidade.

Antes de terminar o discurso, Paulo pediu aos delegados da conferência que tenham três ponderações durante as discussões: 1) Não subestimar a idéia de unidade do movimento. Que é necessário agirem juntos para terem voz; 2) Lembrar que a plataforma aprovada terá conteúdo político maior que qualquer outra resolução já elaborada em 40 anos. A dimensão é muito grande assim como a responsabilidade; e 3) Ver esta luta como parte da mesma luta de outros diretos humanos, como os das crianças, negros, índios e mulheres. “Todos queremos o Brasil para mais brasileiros” finalizou o secretário.

Fernanda Benvenutti, transexual representante da sociedade civil, fez ponderações que instigaram a platéia. “Vamos agora tentar mais uma vez traçar políticas públicas afirmativas após centenas de vidas terem sido decepadas e decapitadas. Os caso de homicídios são muito maiores que os citados”, disse. O atual número de 100 mortes por ano, para a militante, pode ser muito maior se consideradas ocorrência escondidas ou não declaradas. “Precisamos mudar a realidade deste país. Ser travesti no Brasil é correr risco de morte”, finalizou com a abertura de um grande painel com fotos na frente do presidente.

Em seguida Toni Reis, articulador político e presidente da ABGLT, elogiou o empenho de Paulo Vanucchi na luta por estes direitos da comunidade em questão e que o secretário já a ofereceu mais do que ela pediu. A Lula apelou por destinação fixa de verba para implementação de ações e controle do Plano Nacional Brasil Sem Homofobia. “Precisamos que o senhor presidente, com toda esta forma carinhosa de falar, consiga a aprovação da criminalização da homofobia”. E pediu em coro um grito de guerra: “Nem mais nem menos, diretos iguais”.

Uma bandeira e um boné do arco-íris foram entregues a Lula, que recebeu o presente com simpatia e posou para fotos no mesmo momento.

Lula e Dona Mariza ganham bonés e bandeira arco-íris
José Gomes Temporão, Ministro da Saúde, citou a árdua luta que Betinho traçou na defesa dos direitos dos portadores do vírus da Aids e em seguida a ‘Ação da Cidadania contra a Miséria e Pela Vida’, movimento pelos pobres e excluídos. E elencou projetos implantados por sua gestão como a possibilidade do uso do nome social de trans em vários órgãos do governo e anunciou a próxima ação: “Até o final do mês de junho, poderá ser feita no Sistema Único de Saúde a cirurgia de readequação de sexo”.

Finalmente chegou a vez de Lula ir ao microfone. Ovacionado o tempo todo, convenceu a platéia do apoio presidencial. Leia trecho do discurso do presidente da república.

Não é fácil para um presidente nem aqui no Brasil e nem em nenhum país do mundo participar de evento que envolva um segmento tão grande, tão heterogêneo e tão motivo de preconceito quanto vocês.(...) Preconceito é a doença mais perversa do ser humano. Precisamos arejar nossas cabeças para conseguirmos ter uma revolução cultural no Brasil. (...) Ninguém pergunta a sua opção sexual na hora que você vai pagar o imposto de renda. (...) Estamos vivendo no Brasil um momento de reparação. (...) Nós precisamos criar no Brasil um dia de combate à hipocrisia, eu sei que isso fere pessoas, deixa outras angustiadas, mas o dado concreto é que se eu não criar alguém vai criar. Sabe por que é preciso criar o dia da hipocrisia? Porque quando se trata de preconceito, eu o conheço nas minhas entranhas e eu sei o que é o preconceito. (...) Quando coloquei o boné [boné com a bandeira do arco-íris entregue por Toni Reis ao presidente] senti o mesmo preconceito de quando coloquei o boné do Movimento dos Sem Terra na minha cabeça. (...). As propostas que vocês entenderem que sejam as melhores e possam garantir. Eu posso dizer a vocês, no que depender do apoio do Governo e dos meus ministros, nós iremos trabalhar para que o Congresso Nacional aprove o que precisar aprovar neste país.

Uma criança subiu ao colo de Lula e puxou em coro a palavra de ordem que dá norte à conferência ‘Brasil sem homofobia’. O hino nacional foi cantado por iniciativa também da platéia para então o coquetel ser servido no saguão do auditório.


Fotos: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr. Vídeo: Thiago Malva/ParouTudo

O que o DF pensa...

O que pensam de nós e de nossos direitos
Por Estruturação em 05.06.2008 : : 13h21
Publicado no ParouTudo.com

O Estruturação - Grupo LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros) de Brasília divulga hoje pesquisa que mostra as percepções da população heterossexual da capital federal sobre homossexuais, bissexuais e transgêneros e direitos deles. Foram entrevistadas 219 pessoas, de ambos os sexos, entre 09 de maio e 03 de junho de 2008 em vários pontos do Distrito Federal.
Dentre os destaques da pesquisas estão o amplo apoio de heterossexuais à transformação em crime da discriminação contra LGBT, ser minoria os contrários à união civil do mesmo sexo e a constatação de que pessoas que convivem mais diretamente com LGBT são menos preconceituosas do que as que não têm essa experiência.

Preconceito – Os homens ainda são os mais preconceituosos quando o assunto é diversidade de orientação sexual e identidade de gênero. Nas respostas às 43 questões da pesquisa, os homens são os que mais rejeitam a convivência com LGBT e os que são mais contrários a direitos desse segmento. Um exemplo é o fato de 21,2% das pessoas de sexo masculino entrevistadas terem dito que deixariam de fazer consulta com um médico ao descobrir que o profissional é gay ou bissexual. Por outro lado, apenas 9,6% das mulheres responderam sim quando perguntadas se fariam o mesmo em relação a uma médica lésbica ou bissexual.

União Civil – Quando questionados a respeito da união civil entre pessoas do mesmo sexo, projeto que aguarda análise do plenário da Câmara dos Deputados, 33,8% dos entrevistados disseram ser a favor da proposta, 29,2% contra, 25,6% posicionaram-se de forma indiferente e 11,4% são flexíveis. “Esses índices são uma boa notícia para os e as LGBT do DF tendo em vista que uma minoria, 29,2% apenas, tem posição decididamente contrária a este projeto tão importante para nós”, avalia Welton Trindade, diretor da ONG. Segmentando estes dados por religião, percebe-se que os católicos são os mais favoráveis à proposta (45,9% deles). Já os protestantes são os que mais se posicionam contra a união entre pessoas do mesmo sexo (48,8% deles).

DF favorável à criminalização da homofobia – A grande maioria dos entrevistados (67,4%) é favorável à aprovação da PLC 122/2006, projeto que visa tornar crime qualquer tipo de manifestação discriminatória contra homossexuais, bissexuais ou trangêneros. Pouco mais de 18% são contra a aprovação da lei, 7,8% disseram ser flexíveis e 6,4%, indiferentes ao assunto. O projeto de criminalização da homofobia está sendo analisado no Senado Federal.

Convivência diminiu preconceito – A pesquisa explorou o nível de relacionamento dos entrevistados com LGBT para saber se esse fato interfereria no nível de homofobia (aversão e ódio a LGBT). A resposta foi positiva.
Para quem tem homossexuais e bissexuais na família, um quarto dos entrevistados, apenas 7,3% dizem que sentem vergonha por esse fato. Dos que declararam não possuir parentes homossexuais e bissexuais, 24,1% avaliam que tal deva ser motivo de vergonha para a família. Portanto, quem vive a situação real de ter um parente gay, lésbica ou bissexual tem avaliação menos negativa deste ponto do que aqueles que apenas lidam com a situação de forma hipotética.
O mesmo ocorre nas amizades. O Estruturação perguntou se, nos dois anos anteriores à pesquisa, o entrevistado teve algum amigo ou amiga que se declarou homossexual ou bissexual ou se o respondente descobriu que alguém do seu círculo de amizade não era heterossexual. Dos que viveram essa situação, apenas 3,1% deixaram de ter relação com a pessoa homo ou bissexual. Dos que não tiveram essa experiência, 8,9% disseram que terminariam a amizade caso esse fato ocorresse. “Esses dados mostram o que realmente é o preconceito, o conceito pré-elaborado. Quanto mais as pessoas convivem com LGBT menos elas têm idéias discriminatórias. Isso também demonstra o quanto é importante para homossexuais, bissexuais e transgêneros se assumirem. Fazer isso é dar uma importante contribuição para o preconceito diminuir”, avalia José Jance Marques, titular da Coordenação de Pesquisas do Estruturação.
Pesquisa na íntegra voltará a ser disponibilizada em breve.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Haja Coragem!

Caramba!
Estou pasmo, depois de ter assistido ao primeiro SuperPOP da minha vida, em que a Luciana Gimenez entrevista o casal homo de Sargentos do EB, quase perdi o fôlego por eles. Bem primeiro, haja coragem pra tanto, desafiar o Exército Brasileiro com as declarações dadas principalmente pelo Sgt De Araújo (Laci), usar a farda durante as entrevistas, tanto na revista como na TV. A apresentadora não é das melhores, eu tenho um pé bem atrás com as perguntas capciosas que a imprensa faz e as situações nas quais ela nos coloca, os caras se enrolaram bastante, justamente por falar sem propriedade acerca de suas orientações sexuais, faltou embasamento em muito dos argumentos usados. É difícil falar de algo complicado como esta situação expostas por eles, se pelo menos tívessemos acesso a mais subsídios. De início eu achei o Laci, muito vitimista e extremamente exagerado quando disse que o EB vai "queimar arquivo", me recuso a acreditar que isto seja possível nos dias de hoje, pelas estórias que já ouvi por aí, isto poderia ser possível há uns 20 ou 25 anos atrás, mas hoje? Duvido muito. E se em último caso isto for possível, aí temos o Brasil inteiro como testemunha de uma injustiça, com certeza o EB não agirá assim. Fico me perguntando porque ele (Laci) relutou tanto em ser examinado pela Junta Médica do EB? Se estava de cama, porque não solicitou uma ambulância para o transporte? Porque não recorreu à Justiça (Militar ou Comum) quando percebeu que os laudos expedidos pelos médicos militares não eram confiáveis? Segundo o que ele mesmo disse? Bem, sei que tenho muitas dúvidas acerca da situação dos dois militares, e só resta agora esperar que a justiça seja realmente feita isenta de preconceito e discriminação, se o cara está errado ele deve ser punido, esta é a legislação sob a qual estamos nós militares. Mais uma coisa que não ficou clara, o que começou primeiro, a suposta perseguição por serem eles um casal homossexual, ou a perseguição por ser o (Laci) uma pessoa doente? Não consigo encontrar conexão nisto tudo, qual é a raiz de todo o problema? A homossexualidade, a relação homossexual, a doença, a deserção??? Só perguntas, espero que com o tempo encontremos as respostas.
Att,
Itamar Matos (Ita)