sexta-feira, 6 de junho de 2008

O que o DF pensa...

O que pensam de nós e de nossos direitos
Por Estruturação em 05.06.2008 : : 13h21
Publicado no ParouTudo.com

O Estruturação - Grupo LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros) de Brasília divulga hoje pesquisa que mostra as percepções da população heterossexual da capital federal sobre homossexuais, bissexuais e transgêneros e direitos deles. Foram entrevistadas 219 pessoas, de ambos os sexos, entre 09 de maio e 03 de junho de 2008 em vários pontos do Distrito Federal.
Dentre os destaques da pesquisas estão o amplo apoio de heterossexuais à transformação em crime da discriminação contra LGBT, ser minoria os contrários à união civil do mesmo sexo e a constatação de que pessoas que convivem mais diretamente com LGBT são menos preconceituosas do que as que não têm essa experiência.

Preconceito – Os homens ainda são os mais preconceituosos quando o assunto é diversidade de orientação sexual e identidade de gênero. Nas respostas às 43 questões da pesquisa, os homens são os que mais rejeitam a convivência com LGBT e os que são mais contrários a direitos desse segmento. Um exemplo é o fato de 21,2% das pessoas de sexo masculino entrevistadas terem dito que deixariam de fazer consulta com um médico ao descobrir que o profissional é gay ou bissexual. Por outro lado, apenas 9,6% das mulheres responderam sim quando perguntadas se fariam o mesmo em relação a uma médica lésbica ou bissexual.

União Civil – Quando questionados a respeito da união civil entre pessoas do mesmo sexo, projeto que aguarda análise do plenário da Câmara dos Deputados, 33,8% dos entrevistados disseram ser a favor da proposta, 29,2% contra, 25,6% posicionaram-se de forma indiferente e 11,4% são flexíveis. “Esses índices são uma boa notícia para os e as LGBT do DF tendo em vista que uma minoria, 29,2% apenas, tem posição decididamente contrária a este projeto tão importante para nós”, avalia Welton Trindade, diretor da ONG. Segmentando estes dados por religião, percebe-se que os católicos são os mais favoráveis à proposta (45,9% deles). Já os protestantes são os que mais se posicionam contra a união entre pessoas do mesmo sexo (48,8% deles).

DF favorável à criminalização da homofobia – A grande maioria dos entrevistados (67,4%) é favorável à aprovação da PLC 122/2006, projeto que visa tornar crime qualquer tipo de manifestação discriminatória contra homossexuais, bissexuais ou trangêneros. Pouco mais de 18% são contra a aprovação da lei, 7,8% disseram ser flexíveis e 6,4%, indiferentes ao assunto. O projeto de criminalização da homofobia está sendo analisado no Senado Federal.

Convivência diminiu preconceito – A pesquisa explorou o nível de relacionamento dos entrevistados com LGBT para saber se esse fato interfereria no nível de homofobia (aversão e ódio a LGBT). A resposta foi positiva.
Para quem tem homossexuais e bissexuais na família, um quarto dos entrevistados, apenas 7,3% dizem que sentem vergonha por esse fato. Dos que declararam não possuir parentes homossexuais e bissexuais, 24,1% avaliam que tal deva ser motivo de vergonha para a família. Portanto, quem vive a situação real de ter um parente gay, lésbica ou bissexual tem avaliação menos negativa deste ponto do que aqueles que apenas lidam com a situação de forma hipotética.
O mesmo ocorre nas amizades. O Estruturação perguntou se, nos dois anos anteriores à pesquisa, o entrevistado teve algum amigo ou amiga que se declarou homossexual ou bissexual ou se o respondente descobriu que alguém do seu círculo de amizade não era heterossexual. Dos que viveram essa situação, apenas 3,1% deixaram de ter relação com a pessoa homo ou bissexual. Dos que não tiveram essa experiência, 8,9% disseram que terminariam a amizade caso esse fato ocorresse. “Esses dados mostram o que realmente é o preconceito, o conceito pré-elaborado. Quanto mais as pessoas convivem com LGBT menos elas têm idéias discriminatórias. Isso também demonstra o quanto é importante para homossexuais, bissexuais e transgêneros se assumirem. Fazer isso é dar uma importante contribuição para o preconceito diminuir”, avalia José Jance Marques, titular da Coordenação de Pesquisas do Estruturação.
Pesquisa na íntegra voltará a ser disponibilizada em breve.

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